Pensamento de um português suave:Penso logo desisto...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

FOME!!!!!!







Quantas vezes os nossos filhos, exclamam em relação à comida que lhes "enfeita" o prato:
-Que PORCARÍA!...
Isto acontece, com muitos, muitos meninos, que nem tão pouco conhecem o significado da palavra:
FOME!!!!!!!
Estas imagens têem mais FORÇA que toda a indignação que sentimos e os fazemos sentir, quando dizem:
Que porcaría de comida...

EM QUE DEVO ACREDITAR?!...


São milhares de seres humanos
Que morrem sem ser culpados!
São muitas partículas de dor
Corações despedaçados
Que Deus é esse
Por nós tão idolatrado
Que a Igreja nos fez crer
Qu'Ele estava em todo o lado?!...
Em todo o lado
está a guerra, a morte
E a fé que aínda nos resta
A servir como suporte!...
Eu sei!
Vais culpar a crueldade
Do Homem que tu criaste!
Criaste-o à tua imagem
Não foi isso que ensinaste!...
Em que devo acreditar?!
Nesse Deus que não quer ver
Ou no sangue derramado
E tanto povo a sofrer?!...

VIDA DE GENTE POBRE


Maria, recebe a madrugada
Com seus olhos de amargura!
Acorda de novo cansada
Mas firme e muito segura
Sossega no colo o bebé
Na saia a filha agarrada
E subindo sempre a pé
Gasta as pedras da calçada...
Sorve a sopa a correr
Fingindo que está a almoçar!
Esquecendo que está a sofrer
Continua a trabalhar...
É vida de gente pobre
Rasgada p'la triste sina!
Mas coração muito nobre
Que muitas lições ensina...
No seu colo acolhedor
Ao ritmo do seu balançar
Benzendo-se pede ao Senhor
Que deixe seus filhos criar!
Enquanto o pai pescador
Ora também ao Senhor
Ao lançar o barco ao mar...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Um Mundo Perfeito

Sonhei com uma fogueira!

Queimei ódios,injustiças
Guerras pelo poder
Deixei arder a pobreza
Pus o amor a aquecer

P'ra que o fogo
Não apagasse
Mais achas eu ateava
Só fazia mesmo arder
Aquilo que não prestava...

Um Mundo Perfeito
Era tudo o que queria!
Deixei que a inveja
Queimasse
Enquanto o amor aquecia...

Das cinzas que dela sobraram
Recolhi o verbo amar
Embrulhei-o na minha memória
Para sempre o recordar...

Do fogo que tudo queimou
Enquanto estive a sonhar

Só o meu sonho sobrou
Depois do meu acordar...

PARTISTE SEM AVISAR!...


Pai
Partiste sem avisar!
Nem tempo de sobra ficou
P'ra um último beijo te dar!...


Pai
Ficou p'ra sempre
Uma lágrima

Que teima em não querer
Secar!

Subiste à nuvem mais alta
Puseste asas de rapina
Foi muito injusto esse vôo
Deixaste-me ainda menina!...


Emudeceu para sempre
O som do teu violino!
Choraram os seus acordes
Que tinham sabor divino...
Deixaram muitas saudades
As tuas mãos que pintavam
Deixaram muitas saudades
As tuas mãos que mimavam...


Pai
Partiste sem avisar!
Ofereceste ao grande Céu
Os teus olhos verde-mar...


Pai
Partiste sem avisar!
Ficou p'ra sempre
Uma lágrima

Que teima em não querer
Secar!...


Pai
Se podes olhar vê!
Se podes ver repara
Que se torna muito curta
A distância que nos separa!...


Partiste sem avisar!
Ficou p'ra sempre
Uma lágrima
Que teima em não querer
Secar!...

domingo, 13 de julho de 2008

O MEU BEBÉ...GRANDE!

Concebida e gerada
Pelo som do amor
É a essência da minha vida
O meu gerador de calor...




Embriagada
Pelo pôr do Sol
Disfarçava a minha dor!



Abraçava a sua chegada
Do cantinho acolhedor...
Foi com um beijo da Lua
Que o novo Mundo abraçou!


Foi com o bailar das Estrelas
Que o meu colo encontrou...
De repente
Tenho um bebé no colo!

De repente
Tenho um bebé na escola!

De repente
Tenho o meu bebé...Grande!
Tudo de repente
E todos os dias!...

Concebida e gerada
Pelo som do amor
É a essência da minha vida
O meu gerador de calor...

sexta-feira, 11 de julho de 2008

O manguito do Zé-Povo


Ministros,assessores
Deputados,secretários
Outros afins,banqueiros
Quando saltam dos poleiros
Mergulham todos lampeiros
Em tachos milionários...


E o Zé- Povo
Que dá milho a esse bando
Refila mas vai pagando...


Carros topo de gama
Essência de mordomia
E afirma essa cambada
Viver-se em democracia...


E o Zé-Povo
Que dá milho a esse bando
Refila mas vai pagando...


Há diferenças sociais
Há pobreza disfarçada
Há saúde mal tratada
Há o sorriso escondido
Dessa maldita cambada


E o Zé-Povo
Que dá milho a esse bando
Refila mas vai pagando...


As taxas sempre a subir
Principais bens a aumentar
O nosso dinheiro a sumir
E a cambada a gozar...


E o Zé-Povo
Que dá milho a esse bando
Refila mas vai pagando...


N'altura das eleições
O Zé-Povo vai votar
Mas não haja ilusões!...

O próximo a ser eleito
Não virá p'ra governar
Mas apenas p'ra mamar...


Façamos nós um manguito
A essa tremenda canalha!

Soltemos nossa garganta
Faça-se ouvir nosso grito


O Zé-Povo que trabalha

Merece vencer a Batalha...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

À minha Mãe


Mãe, foi no mar
Nesse mar
Que embala a côr do céu
Que um dia encontraste
O homem que virias a amar...

Mas o teu amor partiu!
O som do violino chorou!
Mas ficaram as músicas
Cinco músicas
Do homem que tanto te amou...

Com acordes diferentes
Mas compostas com emoção
Todas elas afinadas
Pelo mesmo diapasão...

Somos cinco
Cinco, como os dedos da mão
O mindinho, o anelar
O médio, o indicador
E o mais pequeno o polegar...

Foram os ecos do passado
A sua música,a poesia
Que fizeram secar as lágrimas
Que o teu peito escondia...

Se em vez do silêncio
A alma pudesse falar
Temo com toda a certeza
Que tinha muito p'ra contar...

De novo na emigração


Embalados pelo desespero
Perderam a vontade de sorrir!...

Lutam por um emprego
Acabando por partir...

Já é tarde p'ra trabalhar
No país que os viu nascer

Mas cedo para parar
Pois sentem-se aínda capazes
De lutar e de vencer

Há obrigações a cumprir
Prazos p'ra pagamentos
Famílias inteiras a ouvir
Apenas e só argumentos!...

De novo na emigração
Arrastam assim suas penas...


Da vida injusta da pátria
Uma triste recordação...


Meu país,que fizeram contigo?!
Por ti, quem tanto trabalhou
Não merecia esse castigo!...


Afinal nada lucrou
Nem mesmo tu como amigo!...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O meu Berço...


Nasci em Africa. Aínda hoje, sinto uma certa nostalgia por não reter na minha memória qualquer recordação da cidade onde nasci.

Cidade da Beira(Moçambique). A distância geográfica-uns bons milhares de quilómetros-não me deixam margem para visita, só me resta a minha imaginação!...

Regressei a Portugal sem completar 2 anos de idade, e nada me ficou desse lugar onde acordei para a vida!

Imagino-o cheio de sol, talvez belas praias com as suas margens carregadas de palmeiras,assim me traduzem as fotografias de bebé, e pouco mais, ou melhor, nada.Rigorosamente nada!

Será que havia avenidas, ruas empedradas, ou sómente terra batida?Não sei!!
Sei que gosto de imaginar uma cidade bonita, onde o calor e as belas praias seríam a nota prncipal.

Ao produzir o meu álbum de recordações ,escolhi-as de forma a terem sentido, de me levarem ao meu sítio, ao meu lugar, de forma a poderem coabitar com o meu imaginário...

Tento sentir o seu cheiro, a sua cor, tal como faço hoje com a minha cidade. Sei que havia riqueza, uma riqueza natural que, impiedosamente foi destruída pelas malfadadas guerras!!!

Só me sobra o meu pequeno álbum como recordação!

Só posso mesmo ir até onde me leva a imaginação...

Trinta e quatro anos de Liberdade vistos do Céu...


Ao subir com asas de plumagem branca e muito leves,Manuel aprendeu a voar, embora o custo do "brevet" tenha sido muito elevado!A imagem é límpida como o som que num golpe de dedos fluía do seu violino.

Manuel partiu ,a sonhar com a liberdade do seu país.

Hoje,em seu nome, vou imaginá-lo numa janela simulada na sua nuvem ,e fazer a leitura tal como ele faria sobre a História do nosso país desde a Revolução dos cravos.

Manuel, acolhe a Libertação do seu país entre sorrisos, com uma enorme vontade de escorregar do Céu e voltar à vida terrena festejar com cravos ,a liberdade com que tanto sonhou.

Mas não era possivél. Festejou então ao som de violinos alinhados, orquestra composta por múltiplos anjos e regida pelas mãos de Jesus.

Passados que são trinta e quatro anos sobre a Revolução, Manuel com a mesma vista do Céu, olha um Portugal que gerou o caos!! Lamenta a criminalidade em todos os seus aspectos, que nasceu num Portugal livre. Lamenta os erros de percepção da liberdade.Lamenta o povo que elege aqueles em que acredita para os governar, usando estes, sómente o poder para se governarem.Lamenta a justiça que é dos ricos porque a podem comprar.Lamenta a corrupção vergonhosa que grassa entre os políticos, e lamenta sobretudo os rostos que escondem já uma enorme pobreza!!

Manuel, lamenta os cravos que viu no Abril de 1974, tão depressa transformados em...NADA!!

Nunca é Tarde Demais...


Fevereiro.Estávamos em Fevereiro,mês frio sem sol, mês onde por ironia do destino cabe o meu aniversário.

Estavamos lá, as duas, com os corações em sintonia, a sofrer, a passar horas, fazer exames, ouvir sentenças...

Abril,Maio,voltamos sempre a estar as duas.Era como se a chuva invadisse minha alma e levasse um pedaço de mim!...
Mas havia a luta, a luta que só havia de sumir, no dia em que a luz sumisse através das folhas sêcas...
Acabava por sorrir,tu também sorrias,mas hoje creio que o fazias por mim, porque a alma tería mais vontade de chorar...

Seguiram-se as idas e voltas, os passeios sempre iguais, o destino sempre o mesmo...o hospital. E tu, tu sempre ao meu lado colhendo esperas, folheando revistas,vendo rostos doentes,cansados,respirando um ar nada feliz mas tu, tu sempre presente e a sorrir...
Nunca transpareceste desânimo, nunca te ouvi uma queixa dessa rotina que desgasta,cansa, incentiva à derrota...

Não, não sei como te agradecer tanta entrega,nunca o fiz, nunca irei conseguir fazê-lo até porque não consigo encontrar um preço justo para tal dádiva.Só consigo escrever deixando-te o meu muito,muito obrigada por essas idas e voltas sempre tão iguais...

Adoro-te Mana

Nunca é tarde demais...